Santa Vitória

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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Crônica: Solidão

Adicionar imagemAdicionar imagemFoi num dia sombrio, onde nuvens carregadas pairavam num céu cinzento e feio.
Ela olhou-me chorosa, cheia de mágoa no coração e nas mãos, carregava sacolas e malas mal equilibradas. Eu, nada fazia ou dizia, mesmo porque, depois de tudo o que havia acontecido, nada mais precisava ser dito. Não podia eu, depois de tantas falhas, pedir perdão.
Agora, não posso mais voltar atrás. Tenho todas as razões do mundo para jogar tudo para o alto e sumir. Fui eu o marido ausente. Fui eu aquele que buscou de forma errada intervir num relacionamento que poderia ter dado certo. Infelizmente, meu ego machista deixou em primeiro plano o trabalho, a luxúria, a vaidade do homem que precisa mostrar a toda uma sociedade hipócrita seu carro do ano, suas roupas de grife. A aparência mórbida e superficial de um ser que se auto-denomina superior. Um ser que não tem a capacidade de ver além de si próprio. Um homem que não consegue perceber nas pequenas coisas a beleza da vida. Não ama quem lhe ama. Não deseja mais quem sempre lhe quis.
A batida da porta fez em minha cabeça um barulho ensurdecedor. Parecia que um desabamento estava acontecendo e eu, em meu mundinho particular, só agora percebia o que eu fizera. Acabara de destruir não apenas minha vida: destruira também a vida daquela que sempre esteve do meu lado: a mulher que eu pedira anos atrás em casamento. Aquela que suportara durante noites e noites minha ausência. Que suportara meu hálito de bebida nas poucas noites que eu passara em casa. Que aceitou minhas traições - que aliás, foram muitas. Meu cansaço, meu estresse... Agora, ela se ia. Tudo chegara ao fim, pois era muito tarde para pedir perdão.
Numa tarde escura e sombria, eu ficara sozinho e que Deus me proteja de meus pensamentos também escuros e sombrios.


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