Santa Vitória

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quinta-feira, 4 de março de 2010

UM CONTO, UM MILAGRE

Quando acordei, parecia que não era eu que ali estava. Me sentia leve como uma pluma, ou então, estava eu a voar e não sabia. Minha felicidade era evidente, mesmo para mim que não mais me achava digno de fazer parte do mundo real. Não que eu fosse tão ruim. Não! Mas, sentia vergonha da minha condição humana. Não mais andava e isso, para mim, era subsistir no mundo. Depender dos outros para tentar sobreviver, era o mesmo que lembrar que eu já não era mais necessário.
Acordei! Acordei e chorei. Acordei dos meus medos, dos meus anseios, das minhas decepções, do não mais querer viver.
Chorei! Chorei de felicidade. Acordei e olhei para o mundo lá fora e gritei bem alto: DEUS! Eu sou necessário e hoje, quero viver o tempo que o Senhor está me dando. Não suporto os pés no chão, mas o meu corpo sustentará toda a minha vontade renovada de viver intensamente a vida.
Quando acordei, lembrei do meu sonho. Foi um sonho tão real que o meu coração ainda está a palpitar. Sonhei que um homem me pegava pelas mãos e dizia: "Levanta-te e anda. Tu és necessário aqueles que te amam. Tua vida consiste em fazer alguém acreditar que vale a pena viver".
Acordei e compreendi que eu não preciso me envergonhar de ser cadeirante. Eu ainda tenho minhas mãos que podem abraçar e apertar as mãos de outras pessoas que assim como eu, não aceitavam mais viver.
Acordei e entendi a mensagem do meu Deus: Ele me ama e eu, preciso que as pessoas saibam disso para que possam acreditar no "milagre" e voltar a andar, senão com os pés, que façam isso com o coração.
Acordei, e hoje, sou feliz em minha cadeira de rodas porque me amo assim, como eu sou.

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