Santa Vitória

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos (Lc 10,3)

Não pode deixar de nos causar algum espanto, alguma surpresa, estas palavras de Jesus. Através delas aparece o perigo imediato e potencial perante o qual somos colocados, face ao qual somos enviados. Os lobos são um perigo para os cordeiros. Somos assim enviados como discípulos para o meio dos perigos e confrontos. Não há volta a dar.
Este envio torna-se contudo ainda mais paradoxal quando nos confrontamos com a recomendação de não levar nada para o caminho, nem bolsa, nem sandálias, nem cajado, nenhum apoio no qual nos possamos sustentar, ou seja frágeis e vulneráveis, pobres e indigentes é que nos devemos apresentar. O Senhor eleva a fasquia da radicalidade no seguimento e do envio.
Mas é necessário, pois só assim o enviado pode ser livre e os resultados da sua missão podem ser reais, verdadeiros e efectivos. De contrário, como é que os lobos poderiam aprender a linguagem do amor, a radicalidade da vida assumida e vivida em Jesus Cristo como filhos de Deus? Se nos apresentássemos como lobos, fortes entre os fortes, alguém poderia ver um sinal contrário, alguém poderia sentir-se tocado pela diferença, alguém poderia sentir desejo de conversão?
A vulnerabilidade é ou deveria ser a nossa condição porque o nosso Senhor e Mestre foi também vulnerável, experimentou a vulnerabilidade na sua radicalidade. A cruz é o sinal mais eloquente dessa vulnerabilidade e da potencialidade de conversão, e o centurião romano é o primeiro resultado, o nosso primeiro convertido: “este homem era verdadeiramente Filho de Deus” (Mc 15,39).
Com a força do Espírito Santo saibamos apresentar-nos desprendidos de tudo, frágeis e vulneráveis, confiantes apenas de que o Senhor está connosco, porque como diz São Paulo “é quando sou fraco que sou forte” (2Cor 12,10).

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