Sabe o que me parece mais complicado? Ver passar os dias e perceber que a situação lastimável na qual os nossos jovens se encontram continua parada no espaço e no tempo.
Um dia desses, em sala de aula, parei mais uma vez e fiquei a observar - claro que em outra sala de aula - os meus alunos. Eles conversavam tão alto que nem mesmo pareciam estar participando de uma aula. Não que me importe com o barulho de suas conversas. De forma alguma isso me incomoda. O que me fez sentir mal e impotente naquele momento foram as conversas absurdas em sala de aula. Os gestos e atitudes de jovens entre quatorze e dezesseis anos que perderam por completo a noção do perigo. Perderam por completo o amor próprio e a sensatez.
O mais complicado naquele instante foi não me envolver. Acho que porque também sou mãe de adolescentes e, ali, me coloquei como tal.
Parecia que naquele instante, tudo o que importava era a liberdade sem responsabilidade onde o sexo, o homossexualismo, a orgia, as coisas fáceis da vida assumiam a forma de felicidade.
Só conseguia ouvir e imaginar se os pais e as mães daqueles crianças que se viam no mundo como adultos formadores de opinião própria e transfigurada liberdade mundana sabiam dos seus pensamentos. Sabiam dos seus fazeres.
Entrei naquela sala assim, de forma bruta. Estava abestalhada e totalmente decepcionada com tanta libertinagem. Libertinagem mesmo sabe! Meninas se olhando como que jurando um amor eterno na maior naturalidade; outras e outros falando dos seus esquemas, de suas transas... Falando de sexo como se fosse natural. Como se fosse vergonhoso não fazê-lo. Falando das "canas" que tomou e dos "bodes" (micos) que pagou. Contando quantos e quantas beijou noutra noite de festa. O pior de tudo é que esses mesmos adolescentes e jovens se dizem cristãos. Se envolvem em movimentos, serviços e pastorais e se dizem tocados por Deus. Tocados por Cristo Jesus. Naquele momento me veio as passagens bíblicas do Antigo Testamento que falam sobre a criação do mundo. Que falam sobre a criação do homem e da mulher e dos motivos que levaram Deus a tomar tal decisão. Pedi que fizessem silêncio e olhei-os nos olhos. Disse-lhes que eles eram ali, "jovens de momento". O momento de orar, de repousar no Espírito Santo, de renascer em Cristo, de chorar, de louvar... Mais o momento mais importante para eles, era o "seu" próprio momento. Sua vida estava acima de tudo e de todos, inclusive, de Deus. Disse-lhes que precisavam começar a dividir o tempo e, perceber de verdade os ensinamentos que a Sagrada Escritura lhes queria passar. Para ser feliz, não é preciso transformar sua vida e a vida dos outros em um eterno pesadelo. Não é necessário ser vulgar e vulgarizar sua vida. Para ser feliz, basta apenas gostar de si mesmo e se amar assim, como Deus os ama.
Sai dali com o coração apertado rezando e orando, pedindo a Deus que fizesse descer sobre os meus alunos a graça e o dom da vida, para que assim, eles pudessem viver com paz e tranquilidade no coração vivendo cada minuto de suas vidas sem querer atropelá-los. Pedindo para que eles deixassem de ser , a partir daquele instante, jovens de momento.
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