Santa Vitória

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

UMA SALA DE AULA, UMA LIÇÃO!

Fiquei ali parada sem nada dizer. Sem fazer nada. Apenas ouvia o barulho em sala de aula. Fiquei observando e percebi o quanto é absurda a vida daqueles adolescentes. São meninas que perderam a infância inocente indo em busca de sonhos quase impossíveis de serem realizados. São meninos com corpo de homem - sem nenhuma maturidade - que vivem o sexo como se o mesmo fosse a única fuga do seu eu interior que briga contra a pobreza e exclusão social. Ouvi coisas absurdas e mundanas. Vulgaridades que transgridem a razão da existência humana. Mas continuei calada. Ouvi e vi gestos que me remeteram a uma minúscula célula imperceptível aos olhos humanos. Me senti impotente diante as lições que o mundo ensina aos meus meninos e as minhas meninas. Fiquei imóvel diante a sujeira que a vida dá de graça aos adolescentes. Eles se mostram fortes e decididos a passar por cima de tudo e de qualquer um que queira lhes dar limites ou puxar as rédeas da liberdade exagerada entregue em mãos pela tal sociedade consumista e capitalista. Eles transgridem as leis humanas e espirituais e chegam ao cúmulo de se dizer donos de si mesmos. Quase desisto e saio de minha sala por falta minha. Se isso tivesse realmente acontecido jamais me perdoaria. Se tivesse desistido de ficar ali parada e em silêncio, não teria percebido a mágoa e o desespero, a fragilidade e o medo estampados nos olhares e em cada palavra feia e vulgar, proferida por meus alunos. Se eu tivesse desistido e repreendido cada gesto e cada palavra dos meus alunos, não teria aprendido com eles o quanto vale a pena tentar vencer os desafios que a vida nos condena a aceitar. O olhar de cada um deles me faz pensar agora na beleza e na pureza com que Cristo nos amou sem se importar com a pobreza ou com a cor da raça humana. Levantei-me de minha cadeira e resolvi que a partir daquele momento, me daria uma oportunidade única de aceitar os meus alunos daquele jeito, afinal, foi a vida que lhes deu as primeiras lições. Quem sabe eu poderia lhes ensinar algo novo e menos vulgar? Quem sabe eu conseguiria mais uma vitória junto aos meus alunos? Quem sabe, foi Deus quem me mandou ficar ali parada e calada? Quem sabe Ele quis me ensinar algo? Quem sabe eu aprenderia junto aos meus alunos as mais novas lições? Amor, solidariedade, amizade, compreensão, respeito...

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