Santa Vitória

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

MEU INSTANTE

Uma vez, há algum tempo atrás, entrei na Igreja Matriz da minha cidade e sentei-me num dos bancos com o olhar meio distante. Não rezei, não orei. Apenas fiquei ali, naquele banco. Não havia barulho algum. Alma viva se fazia presente naquele lugar. No instante não absorvi o momento: o meu momento. Continuei sentada em silêncio. Parecia que o meu corpo se fazia presente ali, enquanto minha alma... Ah! A minha alma! Essa vagava num plano superior onde eu nada sentia, nada temia. Onde a violência não mais subordinava a humanidade em manifestos hipócritas de boa vida, da vida fácil. Onde o pobre era respeitado por sua riqueza interior, pura e espiritual e assim, considerado pela humanidade um ser humano digno de ser tratado como igual, de ser cidadão. Onde os pais eram chamados por seus filhos de "senhor" e "senhora" e, de vez em quando, recebiam um abraço, um beijo ouvindo declarações de amor. Onde os filhos acreditavam na amizade dos pais lhes contando segredos em momentos de diálogo aberto. Onde ainda se pedia a benção ao pai, a mãe, ao avô, a avó, aos tios e tias, aos padrinhos e as madrinhas. Onde levantava-se e dava-se lugar a um idoso. Onde se pedia a benção do padre beijando-lhe a mão em sinal de respeito porque ali, se fazia presente, a imagem de Jesus vivo. Onde a Igreja era "Una" e todos se doavam por igual. Onde os cristãos viviam de verdade sua cristandade sem egoísmo, sem hipocrisia.
Nesse meu instante, diante os olhos de Deus, me senti leve. Esqueci minha rotina cheia de elementos que poderiam não existir na minha vida. Esqueci as doenças, as dívidas, os complexos, os medos, as falhas que cometi como mãe, como esposa,como irmã, como tia, como profissional. Esqueci! Não vi o tempo passar. Na verdade, acho que não quis ver.
Num repente veio tudo a tona. Voltei daquele meu devaneio tão real, especial e único. Percebi que não estava mais sozinha. Percebi que algumas pessoas me olhavam meio desconfiadas, pois, eu estava sorrindo. Sorrindo por qual motivo? Sorrindo porque afinal eu havia descoberto o meu momento. Ali, numa igrejinha do interior, sentada num banco, descobri afinal que o meu mundo poderia ser bem melhor do que era a alguns instantes atrás, bastaria eu me dar tempo e me aceitar com meus defeitos, minhas falhas. Bastaria eu me amar, porque Deus, Esse, eu descobri que me ama. Assim, com tantos defeitos.
Por Joelson e Siulene

Um comentário:

Anônimo disse...

Amém...A contemplação é um exercício divino.

Paz e bem!