Santa Vitória

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sábado, 13 de novembro de 2010

Caminho de Assis

Quando o sol queimar os egoísmos

E a cidade voltar ao ritmo das crianças,

Quando o sonho encontrar seu mar

E a montanha o seu Alverne...

Um novo Cântico do Sol encherá o céu

De versos inéditos de Francisco.

Quando formos capazes

De descer do nosso próprio cavalo

Para beijar o leproso

E caminhar a pé, com ele Cireneu,

Sem temer a indiferença das maiorias...

Só então nossos discursos

Irão além das boas intenções.

Quando nossas janelas, estradas e canções

Tiverem olhos e ouvidos de Francisco...

Para todas as paisagens haverá um pintor,

Para todas as borrascas um arco-íris

E para todos os sofrimentos uma Páscoa.

As nossas palavras serão de Paz e Bem,

As nossas construções de fraternidade;

E quando o futuro despertar a noite

O mundo será da cor dos corações.

Quando nos despirmos, como Francisco,

De todas as roupas e ambições,

Das máscaras, preconceitos e plágios,

Das hipocrisias e ilusões do consumo,

De todas as maquilhagens e prisões sociais...

Nesse dia, remidos de todas as mentiras,

Teremos ganho a verdade que liberta.

Quando entregarmos a capa ao pobre,

(porque o irmão vale mais que a roupa),

quando oferecermos a Bíblia à viúva

(porque a caridade vale mais que a Palavra de Deus),

quando partilharmos o pão que mendigamos

(porque a vida vale mais que o alimento),

quando gastarmos tempo com o doente

(porque o doente vale mais que o tempo)...

então Assis ficará mais perto;

em cada mulher haverá um coração de Clara

e em cada homem, um rosto de Francisco.

Frei Manuel Rito Dias

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