Caminho de Assis
Quando o sol queimar os egoísmos
E a cidade voltar ao ritmo das crianças,
Quando o sonho encontrar seu mar
E a montanha o seu Alverne...
Um novo Cântico do Sol encherá o céu
De versos inéditos de Francisco.
Quando formos capazes
De descer do nosso próprio cavalo
Para beijar o leproso
E caminhar a pé, com ele Cireneu,
Sem temer a indiferença das maiorias...
Só então nossos discursos
Irão além das boas intenções.
Quando nossas janelas, estradas e canções
Tiverem olhos e ouvidos de Francisco...
Para todas as paisagens haverá um pintor,
Para todas as borrascas um arco-íris
E para todos os sofrimentos uma Páscoa.
As nossas palavras serão de Paz e Bem,
As nossas construções de fraternidade;
E quando o futuro despertar a noite
O mundo será da cor dos corações.
Quando nos despirmos, como Francisco,
De todas as roupas e ambições,
Das máscaras, preconceitos e plágios,
Das hipocrisias e ilusões do consumo,
De todas as maquilhagens e prisões sociais...
Nesse dia, remidos de todas as mentiras,
Teremos ganho a verdade que liberta.
Quando entregarmos a capa ao pobre,
(porque o irmão vale mais que a roupa),
quando oferecermos a Bíblia à viúva
(porque a caridade vale mais que a Palavra de Deus),
quando partilharmos o pão que mendigamos
(porque a vida vale mais que o alimento),
quando gastarmos tempo com o doente
(porque o doente vale mais que o tempo)...
então Assis ficará mais perto;
em cada mulher haverá um coração de Clara
e em cada homem, um rosto de Francisco.
Frei Manuel Rito Dias
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