CARTA À SANTA VITÓRIA
Minha amável e bondosa Santa Vitória, hoje venho através desta simples cartinha agradecer-lhe pelo milagre tão grandioso que me fizeste alcançar. Tudo começou quando após dez anos de uma incansável espera, consegui finalmente minha realização como mulher. Foram os dez anos mais longos de minha vida sabe? Neste tempo de incessantes visitas a médicos, indo e vindo de clínicas diferentes e nos desfazendo de nossos bens materiais para fazermos vários tratamentos e alcançarmos nosso objetivo maior: ser pai e mãe, o milagre aconteceu.
Eu e meu esposo moramos em Campina Grande. Buscamos todas as formas possíveis e até impossíveis de conseguirmos esse milagre. Lutamos juntos e, nessa luta, choramos mais do que sorrimos. Meu esposo trabalhava numa grande indústria e a nossa vida sempre foi baseada em materialismo e capitalismo absolutos. Apesar de sempre termos pensado em sermos pais, viajávamos muito, comprávamos muito e, nem nos preocupávamos com nossas perdas financeiras. Tínhamos carros do ano (os dois), roupas chiques, comíamos do bom e do melhor, comprávamos móveis estilosos... Mas com o tempo, isso foi perdendo todo o sentido. Éramos felizes, pois nos amávamos, mas não tinhamos o principal em nossas vidas: um filho! Não nos importava nem mesmo o sexo da criança. Nos importava sua presença em nossas vidas.
Certo dia, uma amiga da Igreja - somos católicos, íamos sempre às missas do domingo, mas para nós, isso bastava como cristãos - nos convidou para participarmos de um momento de oração entre casais que seria realizado ali, na nossa igreja. Disse-nos que talvez ali, fossemos encontrar uma resposta para o nosso problema. Começamos a participar do grupo de orações e isso, de certa forma, estava nos dando mais força e esperança. Mesmo assim, continuamos tentando através de tratamentos clínicos uma solução. Até ao exterior fomos. Vendemos carros, apartamento grande e todo mobiliado... Isso agora não nos parecia mais necessário. Fomos morar com minha mãe (ela morava sozinha em uma casa bem grande). Nada adiantava! No grupo de orações de casais, conhecemos um casal que passou por situação parecida. Eles moravam há apenas dois anos e meio em Campina Grande e haviam engravidado os dois - era assim que eles falavam - há apenas seis meses. Disseram-nos que numa cidadezinha perto de onde moravam existia um Santuário chamado Monte do Galo. Ali, várias pessoas já haviam conseguido graças por intercessão de Nossa Senhora das Vitórias, inclusive eles. Era preciso orar com fé e acreditar que Santa Vitória intercederia junto a Jesus por nós. Eles (o casal amigo e irmão) nos deram uma novena de Santa Vitória e pediram que jamais deixássemos de rezá-la. Ela deveria nos acompanhar sempre. Era preciso ser paciente, pois o nosso tempo e as nossas necessidades precisam ser compreendidas no tempo necessário de Deus para conosco. Continuamos procurando ajuda clínica. Nossos amigos mais antigos começaram a se afastar de nós. Começaram a nos chamar de loucos, afinal, vendemos todos os nossos bibêlos. Nos desfizemos de todo o materialismo e consumismo idiota que não nos trazia a felicidade real. Muitos diziam que poderíamos adotar um filho. Sim! Poderíamos e talvez isso possa acontecer um dia. Quem sabe? Mas queríamos sentir a alegria de sermos pais realmente. Sentirmos o bebê crescer a cada dia no meu ventre de mãe e, sentir a mão do pai a afagar meu ventre. Queríamos que o nosso bebê fosse fruto do nosso amor. Começamos a perceber que Jesus estava ao nosso lado em todos os nossos momentos por intercessão de Santa Vitória. Perdemos o medo de não dar certo. A nossa fé crescia cada dia mais. As nossas orações eram feitas com lágrimas nos olhos. Todas as terças - feiras, quando íamos a Igreja participar do grupo de orações, chorávamos muito com os depoimentos e testemunhos de casais que assim como nós, precisaram de tempo e esperança infinita para alcançar seu objetivo: o milagre da maternidade e da paternidade.
Decidimos fazer uma última tentativa. Desta vez, como não tínhamos mais tanto dinheiro disponível, apesar do meu esposo ainda exercer a mesma função na indústria em que trabalhava, entendemos que não é necessário gastar tanto para que Jesus nos concedesse o milagre da vida. Ali mesmo, numa clínica pública e pelo SUS, fizemos o último exame. Se nada acontecesse, tentaríamos a adoção. Nossas famílias sempre nos apoiaram em todas as nossa decisões e jamais se incomodaram de termos nos desligado das coisas materiais. Já os nossos antigos amigos resolveram se afastar completamente de nós, afinal, já não havia mais viagens, festas... Havia agora simplicidade, amor e fé. Parecia que nenhum deles conhecia o sentido da palavra fé.
Algum tempo depois voltamos ao laboratório um tanto incertos, afinal, já havíamos procurado ajuda até no exterior e nada. Antes de sairmos de casa, nos colocamos de joelhos aos pés da imagem de Santa Vitória (presente dos nossos amigos do grupo de orações e, segundo eles, comprada no Santuário do Monte do Galo). Rezamos e nos entregamos em suas mãos. Pedimos que intercedesse novamente por nós. Se assim acontecesse, seríamos fiéis a ti para todo o sempre e ao nosso bebê, daríamos seu nome. Choramos muito nesse dia, mas era como se uma luz no fim do túnel começasse a refletir. Choramos com incontida felicidade. Não sabíamos o porquê, mas nos abraçamos e entre lágrimas, sorrimos. Saímos de casa leves como se anjos nos levantassem do chão. Pegamos a novena de Santa Vitória e enquanto fazíamos o caminho até o laboratório, rezávamos a bendita novena. Após quase quatro anos fazendo parte do grupo de orações e dez, tentado ser uma mãe e um pai, hoje estamos aqui Santa e milagrosa Vitória para te agradecer a graça que nos concedeste. Aqui, em meus braços está minha filhinha, hoje com oito meses de idade. Consagro - a a Ti, como milagre de vida. Das nossas vidas. Ela é nosso maior tesouro e foi por Tua intercessão junto ao Bom Jesus, que somos pai e mãe.
Santa Vitória, rogai por nós. Amém.
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