Santa Vitória

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

UMA SANTA MENINA

Uma menina! Uma menina linda de apenas catorze anos. Um rosto de menina num corpo de mulher. Infelizmente, isso chamava a atenção dos homens. Imagine!
Ficava olhando-a passar pelas ruas estreitas do bairro, enquanto olhos esfomeados saboreavam sua beleza pura. Assobiavam, faziam piadas e gestos obscenos... Nada a fazia olhar para trás. Apesar de menina, tinha uma opinião formada sobre o que era certo e, o que era errado. Continuava andando em linha reta sem fazer conta das cantadas, da cobiça.
Observando as atitudes dessa menina, percebi que ela era diferente das outras - pelo menos de suas colegas. Ela ia sempre à missa, sentava-se nos bancos da frente na Igreja, comungava, participava de um grupo de jovens e estava sempre com uma bíblia nas mãos. Era motivo de piada na sala de aula, afinal, com tanta beleza, poderia namorar quem quisesse. Melhor, poderia ter tudo o que quisesse. Quando ouvia comentários do tipo, por parte de suas amigas, ela os repudiava. Fechava a cara e dizia com firmeza que tudo o que queria, era o "servir a Deus".
Num certo dia, ao sair da Igreja, à noite, foi seguida por dois rapazes. Eles diziam-se interessados por ela (os dois). Ela não deu atenção e continuou sua caminhada, afinal, eram colegas de escola e, certamente, aquilo não passava de brincadeira - brincadeira de mal gosto, claro. Os rapazes não desistiram e, em certo momento, numa rua escura, atacaram a pobre menina linda. A menina jamais imaginou que aquilo pudesse acontecer com ela. Numa rua escura, dois sujeitos imundos pegaram à força a pobre menina. A menina chorava e gritava sentindo na pele branca a perda de sua pureza, de sua castidade. As dores da carne, do sexo animal, irracional.Era assim que ela queria se entregar nas mãos de Deus: pura e casta. Naquele momento, enquanto chorava a dor da maldade humana; enquanto dois rapazes, não muito mais velhos que ela (deveriam ter entre quinze e dezesseis anos) rasgavam sua carne, ela se entregava a Maria Santíssima. Ela pedia entre lágrimas que Maria, mãe de Jesus intercedesse junto à Ele por aqueles dois meninos. Talvez eles não tivessem compreendido que ela, não os amava assim, como homens e mulheres se amam. Em sua inocência de menina, ela perdoou os dois. Em sua dor e agonia, pedia também a Maria que levasse consigo seu espírito. Não queria entregar-se ao Senhor Jesus, filho de Deus Pai, sentindo-se suja. Se assim fosse, não da mesma forma com que os dois rapazes haviam saciado o desejo carnal de ambos, arrancando-lhe o que de mais precioso uma mulher tem (sua virgindade), Maria intercedesse novamente ao bom Cristo Senhor Nosso e a levasse para junto dele. O corpo, para ela, deveria manter-se casto, limpo, para que o espírito fosse salvo. O seu, já não o era mais.
Ao terminarem o serviço, muito bem feito, diga-se de passagem, os dois jovens perceberam a loucura que fizeram. Os dois, ali, parados naquela rua escura e estreita, sujos de sangue e esperma, viam agora, deitada no chão e toda rasgada, a linda e santa menina de catorze anos de idade. Ajoelhando-se ao seu lado, os dois gritaram e choraram. Não conseguiam compreender o crime que acabaram de cometer. A menina ali, estuprada e morta, só queria amar a "Deus".

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