Quando virei o rosto percebi um certo ar de deboche. Não consegui conter as lágrimas e aí, o sorriso enlargueceu seu rostinho magro de menina que se achava mulher. Nos seus treze anos de idade já era superior no jeito de falar, de exigir que as possibilidades fossem sempre as suas. De dizer não para o que deveria dizer sim e, dizer sim as inconsequências da vida.
Fiquei a imaginar: Onde foi que errei? Em qual momento da vida me perdi em mim mesma e deixei de ver que o tempo da minha menina estava passando. Pior! Totalmente desordenado. Agora é só balada! Umas músicas altas que falam de sexo, de droga e de coisas satânicas... Um tempo que agora tenho medo de não mais recuperar. Uma filha que tenho medo de perder. Já nem sei mais o sentido da palavra amor. Já nem sei o que é sentir o calor do abraço de uma filha; o beijo no rosto ao sair para ir à escola; um abraço carinhoso e um dizer "te amo". O pedir de uma benção antes de dormir... Deus! Que hoje não seja tarde para eu reencontrar o meu tempo ou o tempo que eu deixei de dar para a minha pequena. Que as roupas pretas sejam deixadas de lado e que o colorido da vida, da vida em Ti Senhor, volte ao teu corpo de menina moça. Que as baladas com som alto e músicas satânicas transformem-se em mélodicas notas de louvor e aclamação por Ti Senhor. Que eu sinta no rosto o encostar dos lábios suaves e um sorriso, não mais de deboche. Um sorriso de alegria e de felicidade por ter finalmente descoberto sua idade e o meu amor. Que o sexo e as drogas sejam trocados pelos valores morais e espirituais nos quais consistem o bem viver, a eterna felicidade.
Deus! Sou culpada por todo o tempo que deixei de doar-me a minha filhinha. Que a culpa recaia sobre mim e assim, ajoelhada aos Teus pés, rogo perdão por não ter conseguido enxergar o tempo. Choro por ter sido tão egoísta, ambiciosa, vaidosa... Choro por não conseguir olhar nos olhos da minha filhinha e dizer: "Volta pra mim! Não consigo sobreviver sem o teu amor. Volta! Perdoa pelo tempo que eu não te dei".
Deus! Ajoelhada aos teus pés, rogo novamente teu perdão. Me deixa ser mãe de novo e, que minha menina, possa voltar a ser minha filhinha. Não sei se conseguirei vencer. Não! Sem o Senhor jamais, por isso enche-me do Teu Espírito e faz-me ser forte. Sê meu escudo, minha fortaleza, minha proteção. Sei que não posso Te pedir tanto. Vou deitar-me, mas antes, vou reservar um pouco do meu tempo para esperar minha filhinha que está na balada - certamente chegará tarde, falando um monte de bobagens, cheirando a álcool - para dizer-lhe o quanto a amo e que jamais deixei ou deixarei de amá-la. Obrigado Senhor!
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