Santa Vitória

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ERA UMA VEZ...

Era uma vez os contos de fada! Era uma vez... Lembro-me bem disso! Sentava-me junto aos meus irmãos e primos e ouvia com certa ansiedade tia Maria contar suas histórias de trancoso (assombração). Aí, a noite, quando íamos dormir, nossas mães ou avós pegavam em nossas mãos e rezavam junto conosco para que o anjo da guarda nos protegesse. Quantas vezes nos reunimos ali, na casa da nossa tia, sentados em círculo no chão, esperando ansiosamente por essas histórias. Crianças e adolescentes que brincavam de verdade, sem maldade ou malícia no olhar e nos gestos. Acreditávamos realmente nos contos de fada. Achávamos que se escondêssemos a verdade de nossos pais nosso nariz cresceria, assim como o de Pinóquio. Crescemos de acordo com nossas idades.
"Era uma vez uma linda moça chamada Branca de Neve. Por algum motivo, aos quinze anos (15) de idade, uma fada malvada a enfeitiçou e ela adormeceu, até que tempos depois, um lindo príncipe, montado num lindo cavalo branco adentrou o castelo e beijou-a suavemente nos lábios. A linda moça acordou, casaram e foram felizes para sempre".
De repente me vem a imagem de minhas alunas na faixa etária de treze (13) a quinze anos (15). Em sala de aula, quando falo sobre os contos de fada ouço-as e, parece até natural ouví-las falar: "Ah, meu príncipe encantado é fulano de tal. Já imaginou, eu, linda e maravilhosa, podre de chique naquela moto ou naquele carrão? É pra matar de inveja né"? Ou: "Meu conto de fadas seria pegar uma varinha mágica e transformar minha casinha brega e feia em uma mansão com televisão de plasma, computador da hora, um quarto só meu, cheio de roupas e calçados. Ah, nesse conto eu acredito".
Tento mostrar-lhes que não vale a pena querermos o que não podemos ter no momento. Não é tão fácil no mundo moderno, globalizado e tecnológico como o nosso fazer com que adolescentes acreditem que sonhos podem ser realizados, que tudo tem o seu tempo e a sua hora e, não é necessário que avancem no tempo para conquistar seus ideais. Tento mostrar-lhes que como nos contos de fada, podemos ser felizes para sempre, mesmo que esse "sempre" nos pregue algumas peças, afinal, somos seres humanos e, por vezes. esquecemos de nossas função humana aqui na terra agindo mais pela emoção do que pela razão. Tento mostrar-lhes que o mundo no qual vivemos já faz o papel, inúmeras vezes, do lobo mal e, precisamos estar atentos para não sermos fracos como os porquinhos da história do conto de fadas nos entregando as futilidades que nos são mostradas diariamente pela televisão, internet e, outros meios de comunicação que poderiam ter uma função mais racional na vidas desses futuros adultos, do que apenas mostrar (no caso de alguns programas) que tudo na vida é possível (traição, sexo,homossexualismo, roubo, prostituição...) e natural.
Era uma vez a inocência das crianças e dos adolescentes que deixaram de ouvir e acreditar nos contos de fada para ouvir e acreditar na luxúria e na pobreza das histórias bizarras contadas e vividas pela imundície humana. O bom de tudo isso, é que ainda existem pais que acreditam na infância em tempo real de seus filhos e filhas. Assim, os contos não deixarão de existir jamais e, a vida, proporá a esses pequenos sonhadores uma infância sadia e mais feliz.

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