Santa Vitória

Santa Vitória

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quando chegaram marido e mulher em minha casa perguntando se podiam entrar para conversar conosco, achei estranho. Sabia que aqueles dois frequentavam a igreja e, não entendia o que queriam comigo. Olhei estranho para eles, mas disse-lhes meio a contra-gosto que podiam entrar. Nunca fui de igreja, na verdade, nem conseguia entender porque pessoas perdiam tanto tempo participando de um monte de reuniões com padres, freiras...
Convidei-os a sentarem em meu sofá enquanto chamava minha esposa que nesse momento estava lavando roupa. Ela parecia não acreditar no que ouvia da minha boca, afinal, eu nem tinha intimidade com o tal casal (apesar de conhecê-los, afinal, cidade pequena, todos acabam se conhecendo).
Ao chegar a sala, minha esposa começou a chorar ao encontrar o tal casal. Eu, sem motivo aparente, senti um aperto no coração. Me senti abalado. Imagine eu, um homem rude, bruto, considerado por todos no município como "um homem de coração frio" vendo minha esposa chorando, abraçada aos dois. Não podia perder minha reputação de "macho dominante", então me fiz de forte e olhei para os dois de cara dura, amarrada. Por dentro, meu coração doia e, parecia que a qualquer momento eu cairia em prantos.
Minha esposa pegou-me pela mão e pediu-me que sentasse ao lado dela para ouvir o casal que ali estava.
A primeira coisa que falaram foi que não tinham programado a visita. Estavam na igreja rezando (eles faziam parte da Pastoral Familiar daquela paróquia). Eles (o casal) estavam se sentindo mal. É como se nada tivessem feito pelas pessoas da comunidade e ao sairem da igreja veio primeiro a ideia de visitar alguém. A esposa lembrou-se que alguém havia falado sobre a situação atual do casal - há poucos dias atrás (três dias exatamente), minha esposa havia recebido o resultado de uma biópcia. O resultado era positivo: minha esposa estava com um CA no colo do útero num esado bem avançado. Na cidade, todos sabiam que minha esposa estava doente (ela é professora), mas ninguém, inclusive aquele casal, sabia que se tratava de um CA malígno. Então o casal começou a falar de Deus. Eu fiquei de cara torta, pois não conseguia entender porque minha esposa, uma mulher que era o oposto de mim, estava naquela situação. Onde estava o Seu Deus naquela hora que não a curava? Por que ela e não eu, que nem participava das missas aos domingos e ainda reclamava por ela ir?
Juro que naquele momento deixei de ouvir muitas das coisas que falaram sobre Deus, mas algo ficou gravado em minha memória e em meu coração O senhor que nos visitava falava que Deus trazia boas novas para nós e, que usava de suas bocas para nos falar. Na verdade, nem eles sabiam porque estavam ali, em minha casa. Sabiam que eu não gostava de visitas, principalmente por parte de pessoas que participavam de Movimentos ou Serviços ligados a evangelização. No momento em que sairam da igreja e pensaram em nós dois, desistiram. Sabiam que eu não os receberia. Ao entrarem no carro, tomaram a direção de casa, mas era como se mãos fortes e firmes os conduzissem por outro caminho. Sentiram medo, mas entregaram-se nas mãos de Deus e, finalmente, sem que ele (o senhor visitante) o freasse, o carro parou em frente a minha casa no momento em que eu chegava do trabalho (era dezessete horas e trinta minutos). Disse ainda que era como se uma voz lhe falasse: "Não há como desistir! Siga em frente, eu preciso que ele me ouça". Ao ouvir tais palavras, não me contive. Abracei-me a minha mulher e chorei como nunca havia chorado em minha vida. Nesse momento, não sei como aconteceu: meu filho, que há quatro anos não vinha para casa (estava estudando em Fortaleza) entra e nos abraça fortemente chorando e dizendo nos amar. Em trinta e dois anos de casados, jamais isso aconteceu em nossas vidas. O casal ali parado a nos olhar sem nada dizer, chorava em silêncio. Esperaram o nosso momento para só então, terminar sua conversa conosco. Agora, ele (o senhor) olhava dentro dos meus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar e dizia-me o quanto eu precisava ser forte. Ele não sabia porquê, mas Deus pedia que ele falasse aquilo para mim. Eu precisava a partir daquele momento acalmar meu coração e me entregar em Suas mãos, pois somente Ele daria a resposta às minhas perguntas. Deus mandava naquele momento Seu Filho Jesus Cristo para cuidar de mim. Sarar todas as feridas que teimavam em não cicatrizar dentro de meu coração e me dar vida nova. Só assim, minha esposa seria curada. Eu precisava rezar. Precisava acreditar que para Ele, tudo é possível, inclusive, a "cura". Eu precisava ter fé e orar muito. Acreditar que o sangue derrado na cruz por Cristo Seu filho, lavaria todas as chagas. Ele falava coisas e, a cada palavra dita, a cada palavra proferida por sua boca, era como se espinhos fossem sendo retirados do meu íntimo.
Depois de algum tempo os dois foram embora. Antes, me pediram um abraço. Ainda meio contário ao gesto e meio frio por fora (por dentro eu me sentia um homem novo), lhes dei um abraço e sem jeito, os convidei para aparecerem outras vezes. Minha esposa só tinha sorrisos em seus olhos marejados pelas lágrimas. Meu filho único, esse não cabia de tanta felicidade, afinal, acho que em seus vinte e oito anos de idade foi a primeira vez que nos abraçamos e falamos do nosso amor. Era um sábado. Nesse dia, nos abraçamos outras muitas vezes e choramos. No domingo cedinho nós três, mais a noiva que meu filho havia trazido junto de Fortaleza, fomos a missa. Todos nos olharam admirados. O casal que nos visitou no dia anterior veio a nós e mais uma vez nos acolheu.
Bom, quatro dias depois dessa visita viajei com minha esposa, meu filho e sua noiva para a cidade grande. O médico pediu que minha esposa fizesse novos exames. Foram dois meses de uma agoniante espera. O médico pediu uma nova biópcia e, o resultado: negativo. O milagre aconteceu! Minha esposa estava curada e eu, renovado no Espírito Santo.
Hoje, estou aqui, dando essa palestra para que vocês não façam como eu fiz. Não deixe que Deus precise lhe mostrar da pior forma que você não é Ele. Não deixe que sua família seja abalada por algo muito sério para que Ele mande Seu filho falar pelas bocas de anjos para que você acredite em Sua existência. Minha esposa foi curada, mas a cura maior, foi a minha. O maior milagre foi que Ele, através da doença da minha esposa curou-me de mim mesmo.
Que o Espírito Santo possa fazer de você(s), o homem novo que Ele fez de mim. Amém.

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